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Não estou feliz com e no meu curso. Pronto, falei. Já que não o consigo verbalizar vou escrever. Não sei se algum dia a minha vida profissional me fará mudar de ideias. Mas não estou feliz. Por isso é que tudo me parece mais interessante que estudar. E proscatino. Muito. Contra mim. Contra os meus pensamentos. Contra todos aqueles que acreditam em mim. A desilusão é para mim mas acima de tudo é para eles. E só consigo olhar para mim desta maneira: 23 anos, 6°ano de curso - após pausa de um ano - e infeliz.
Já passa das 16h: não abri os estores, não almocei, não vivi.
Agora para além de estar aqui sozinha, eu e o meu namorado não estamos na nossa melhor fase. Merda. Era mesmo isso que precisava.
Estive um ano fora da faculdade. Ou melhor, vim cá só para fazer exames na época deles. Agora voltei. E está a custar-me tanto. Casa nova, sozinha, sem vontade de voltar ao ritmo. Ainda para mais, nestas duas primeiras semanas as aulas são escassas e chego a ter um dia inteiro livre, como foi o caso de hoje. Isto só faz com que seja pior. Já basta a aversão que tenho da minha faculdade e a vontade que tenho de acabar o curso para nunca mais ter de cá voltar. Mas assim, sozinha e praticamente sem ninguém para estar cá, torna-se ainda mais complicado. Sempre me dei com pessoas mais velhas e isso faz com que já toda a gente com quem me dava já tenha acabado e seguido a sua vida e bem, a minha afilhada, não percebeu que, para bem da minha saúde mental, tive de parar um ano e encarou-o como um abandono que lhe fiz. Posso ter sido egoísta em muita coisa nessa vida mas nisso não e, infelizmente, com a escolha dessas palavras acho que nos perdemos. É pena.
No outro dia ouvi alguém dizer que, hoje em dia, os jovens têm a pressão para serem ser sucedidos e terem sucesso nas suas carreiras e na vida pessoal e afetiva. E é assim mesmo. Nunca ninguém me pergunta como estou, como me sinto, se estou cansada, se não me sinto sozinha... apenas perguntam: e a faculdade? Quando acabas o curso? As cadeiras estão todas feitas? E nada pior que essa pressão vir de casa, de alguém que nos carregou na barriga e que um dos seus principais objetivos devia ser ver a filha feliz e tranquila e não querer, a todo o custo, que o diploma chegue para o poder mostrar a toda a gente e gritar ao mundo que, sozinha, conseguiu pagar os estudos à filha. Não percebe e pior, nem sequer tenta perceber.
Só eu sei o quanto já me custou parar um ano por não estar bem, por sentir genuinamente que só estava na faculdade a gastar dinheiro e que não estava a ter utilidade para nada nem para ninguém. É mau, é um retrocesso. Vejo as pessoas à minha volta a licenciar-se, a arranjar empregos duradouros e eu aqui, estagnada a tentar acabar cadeiras e a ganhar coragem para enfrentar o último ano de licenciatura. E o medo de não corresponder às expetativas dos outros colocadas em mim? Porque as minhas já deixei de ter e confiar para não sofrer ao não as cumprir. Mas não posso gerir as dos outros.
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